sábado, 4 de abril de 2020

Minha volta a Manágua - Capítulo 11

Farabundo Martí National Liberation Front's bad bet in El Salvador ...Depois de dois meses e meio na frente de combate eu já estava desgastado por ver tanto sofrimento e tanta violência. Havia sido convidado para lutar ao lado das fileiras da Farabundo Marti de El Salvador, mas declinei o convite me feito por um Comandante guerrilheiro da Farabundo, não só pelo desgaste, como também pelo perigo que representava termos de atravessr toda Honduras, onde pululavam esquadrões da morte , para chegar às selvas salvadorenhas, base da guerrilha.
Resolvi voltar a Manágua com um ex membro das Brigadas Vermelhas da Itália, dois bascos do ETA e meu amigo nicaraguense, Professor Noel Parrales.
Managua 1984. Straße im Zentrum Foto & Bild | north america ...Chegando em Manágua voltamos a morar em um albergue da Juventude Sandinista onde já havíamos morado, nas proximidades da casa de Ortega. Porém o clima na cidade já era totalmente diferente. O Ministro da Justiça Tomás Borge, um marxista leninista de linha dura, começava a ceder às pressões da política mundial e criava dificuldades para que nós, internacionalistas, ficássemos no país. Todo mes eu tinha que pegar um ônibus que ligava Manágua a San José da Costa Rica, capital da Costa Rica, apenas para renovar meu visto. Caso criticássemos em conversas nas sorveterias e bares alguma coisa do regime sandinista logo éramos abordados por jovens militantes sandinistas do Ministério da Justiça que nos pediam os passaportes e nos ameaçavam de expulsão por criticarmos coisas pontuais do sandinismo oficial.
In pictures: Daniel Ortega, from Sandinista guerrilla to President ...Cansado, comecei a procurar novos ângulos do país e acabei ,depois de participar de uma grande comemoração da Revolução Sandinista, indo morar em um bairro onde viviam os nicaraguenses negros vindos da Costa Atlântica, descendentes de escravizados e de piratas ingleses.
Phillip Montalvan - Reggae De Coco - YouTube Fortemente influenciados pela música do caribe na comunidade onde fui viver o reggae e a maconha eram parte do dia a dia.A noite dançar reggae com negras de olhos verdes era para nós estrangeiros uma coisa sensacional. E era uma dança extremamente sensual, embora respeitosa, diferente do reggae jamaicano onde os corpos se tocavam. E lá ia a polícia sandinista volta e meia fazer ações repressivas nas festas reggae.
Viva Nicaragua - Canal Trece - Barricada resurge a manos de nuevos ...Ainda escrevi um artigo para o jornal El Nuevo Diário e para a Barricada, o primeiro um jornal simpatizante do sandinismo e o segundo o porta voz oficial dos sandinistas onde falava da CIA, do Brasil e das conexões entre o regime militar brasileiro, a CIA e os ataques ao Chanceler nicaraguense Miguel D'Escoto.
E aí comecei a 'namorar' as notícias sobre os primeiros movimentos da campanha das Diretas Já que começava de forma embrionária no Brasil, país meu onde minhas cartas para a afamília, quase diárias, chegavam abertas em um saco plástico com um adesivo do governo " Danificadas no Trajeto'.
Daí nasceu a idéia de voltar ao Brasil.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Pela primeira vez em combate - Capítulo 10

E lá estava eu em um jipe sendo dirigido pelo meu amigo Noel, um jovem professor nicaraguense, a seu lado um oficial cubano vindo da guerra de Angola e na parte de trás eu e mais dois combatentes sandinistas experimentados. E lá ia eu, em ainda saber o que me esperava e com um misto de tensão e de enlevo, mas cheio de adrenalina. 
Quando chegamos às bordas do povoado que íamos saiu de um matagal a cerca de 100 metros uma balaceira dos infernos. Afinal, estávamos na linha da fronteira entre Nicarágua e Honduras... . A ‘contra’ (mercenários de Somoza pagos e financiados pela CIA - contrarrevolucionários) disparava sem parar e meu amigo que dirigia ao fazer uma curva brusca tombou com o jipe de lado. Após nos recuperarmos dos dois sustos, a primeira leva de balas e o tombamento do jipe, nos posicionamos tendo o jipe tombado como trincheira e começamos a disparar nossos AK-47 na direção do mato de onde vinham os tiros. De repente sai da trilha de acesso ao povoado um jovenzinho de uns 15 anos empunhando seu AK que disparava sem parar e nos gritou ao passar pelo jipe indo na direção do matagal: ‘Levantem-se companheiros! Vamos juntos!”. Até de certo modo constrangidos saímos também dando rajadas e progredimos assim até a borda do mato onde os disparos da ‘contra’ já haviam cessado. 
Nos deparamos com quatro corpos de mercenários abatidos pelas nossas balas e realizamos uma rápida busca no em torno conseguindo capturar mais cinco mercenários que foram logo desarmados e colocados de joelhos com as mãos na cabeça. 
E como na guerra tudo pode acontecer e acontece quando começávamos a relaxar e a cantar vitória um dos membros de nosso grupo repentinamente empunhou seu AK e disparou uma rajada matando de uma só vez os cinco mercenários detidos por nós. Motivo? Nem havíamos notado no calor do combate, mas um integrante de nosso pelotão, um dos combatentes sandinistas, muito amigo do que fuzilou os ‘contra’ jazia no meio do caminho entre o jipe e o matagal com a cabeça esfacelada por um tiro dados pelos ‘contra’. A guerra é cruel e esse acontecimento povoou meus pesadelos por vários dias.... 
E assim ocorreu e terminou meu primeiro combate nas terras nicaraguenses... 

sábado, 29 de fevereiro de 2020

A ida para o front norte da guerra - Capítulo 9

No grande encontro das guerrilhas fui convidado por um Comandante das Farabundo Marti, de El Salvador para lutar ao lado deles lá. Entretanto, eu já tinha recebido também um convite de um Batalhão Internacionalista que apoiava os sandinistas para integrar um pelotão que ia para a fronteira com Honduras onde a situação com os 'contra' e mercenários ainda era grave. Fomos em dois jipes, comandados por um cubano que tinha vindo da geurra de Angola, mais dois bascos do ETA e o restante de combatentes sandinistas da Nicarágua. Das áreas próximas à fronteira podíamos observar com binóculos nos momentos de mais calma os mercenários franceses e norteamericanos circulando nas linhas e acampamentos dos 'contra' que apoiavam Somoza e eram financiados pela CIA através do tráfico de cocaína com os cartéis colombianos que tinham nas áreas dos 'contra' áreas de pouso e descarregamento de suas grandes cargas de cocaína. Os tempos de calma eram poucos, pois sempre estávamos envolvidos em escaramuças ou mesmo duros combates com os 'contra'.
No próximo capítulo vou contr de um ataque dos 'contra' contra a aldeia onde estávamos baseados.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

O Encontro das guerrilhas em Manágua - Capítulo 8

A Frente Sandinista resolveu promover um grande encontro dos grupos guerrilheiros em Manágua. Lá estavam cubanos vindos da guerra de Angola, Comandantes da Frente Farabundo Marti, de El Salvador, membros do ETA, das Brigadas Vermelhas e outros grupos menores, incluindo um setor do MR-8 brasileiro. Lá pude coniver e conhecer de perto  Comandante Sandinista Dora Cortez, uma simpatia, conviver de perto com Daniel Ortega, ainda um revolucionário e acampar na região dormindo nas barracas do pessoal do ETA.
Ali fui convidado para lutar em El Salvador, mas me seduziu mais um convite para ir com um Batalhão Internacionalista para lutar na fronteira com Honduras.
Muito rum, muitas bascas lindas e muita gente disposta a ir para as frentes de combate que ainda existiam principalmente na fronteira do norte da Nicarágua. Curiosamente no acampamento se ouvia desde Chico Buarque a Michael Jackson.
No próximo pequeno capítulo vamos falar de nossa ida com um pelotão internacionalista para a fronteira com Honduras.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

As surpresas da serra nicaraguense Capítulo 7

Ao chegarmos ao topo da serra surpeendentemente nos deparamos com tribos indígenas que nao são não falavam espanhol e sim dialetos, como também ainda mais supreendente sequer conheciam o açúcar e o sal.
As criançs e os idosos eram tratados por médicos da Brigada e recebiam também noções de espanhol básico para se comunicarem com as populações da base da serra


Indígenas nicaraguenses , uma faceta desconhecida da maioria das pesssoas. Estão lá há mais de cem anos......

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

As Brigadas de Educação Capítulo 6

Hoje foi dia de ir com um companheiro, o Professor Noel Parrales, um professor que conheci no dia do Professor e se tornou me amigo quase inseparável. Foi dia de partir para as montanhas com as Brigadas de Educação paa alfabetizar os indígenas das montanhas

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Revolução, integração e caipirinha Capítulo 5

Só uma coisa unificava os membros do ETA, os da Brigatte Rossi e os comunistas franceses. A caipirinha que ensinei a fazer e um sambinha batido em caixa de fósforos.
Rodas de samba tinham tanta importância quanto uma boa patrulha revolucionaria.
Cartola e Carlos Mejia faziam sucessso na caixinha e fósoforo.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

As patrulhas revolucionárias Capítulo 4

Todas as 6ªs feiras nos reuníamos nos Centro do Defesa Sandinista, uma espécie de asociação de bairro, e dali após a discução politíca, recebíamos os AK  e as cal. 12 e saíamos para patrulhar o bairro e adjacências durante o final de semana em um jipe. Como nosso bairro era o mesmo onde vivia Ortega também éramos parados poe patrulhas do Exército Sandinista a toda hora.
O Comandante de nossa patrulha era sempre um membro antigo do Exército Sandinista .
Além, de bêbados, cães vira lata , pouco encontrávamos nas ruas hiper patrulhadas

domingo, 19 de janeiro de 2020

No Albergue da Juventude Sandinista Capitulo III

Ali nos reuniram a bascos do ETA, membros das BRIGATI ROSSI,COMUNISTAS FRANCESES E CATALÃES, E GRUPOS CRISTÃO CANADENSES E NORTERAMERICANOS. BELICHES NAO TINHAM MARCAÇÃO E QUEM CHEGASSE MAIS CEDO OS OCUPAVA. UMA BABEL MISCELÂNICA.....
E O INTERESSANTE É QUE APESAR DAS INTENSAS DIFERENÇAS POLITICAS A CONVIVENCIA SOCIAL ERA EXCELENTE.
 E POR ARRANJAR , UM PACOTE DE CIGARROS, ARRANJA-SE UMA VAGA EM UM BELICHE......

domingo, 12 de janeiro de 2020

O Ministério da Cultura e o Padre Fernando Cardenal ( Capítulo II)

Fui posto pelos sandinistas em um taxi estilo Galaxy ( algém ainda lembra....?) que deveria me custar 50 pesos e fui cobrado em 100 dólares. 
Fui levado direto ao Ministro da Cultura, Padre Fernando Cardenal, a quem eu iriaia iniciamente asessorar,falecido este ano, onde foi me dada uma mesa, a lista de minhas funções e um fuzil AK-47 para andar cotidiamente com ele. Cardenal não só era Ministo da Cultura como era irmão do primeiro dissidente sandinista, o poeta 
Ernesto Cardenal, 
aliado a Eden Pastora, o'Comandande Zero' , que comandava pequenos batalhões na lagoa central da Nicarágua e na fronteira com Costa Rica.
Enquanto aguardava um alojamento definitivo fui alojado provisoriaente em uma pesão de evangélicos de direita. Por um lado foi bom, pois na esquina havia duas senhorinhas que vendiam uma bebida de milho fermentado, tipo uma cerveja, que em ensinaram pacientemente a falar espanhol corretamente e a como me deslocar pela cidade de ônibus.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Chegando em Manágua (Capítulo I)

Era 1984.Saindo do Rio, sendo o Representante de Relações Internacionais da Juventude Socialista do PDT, com nas mãos uma carta de Doutel de Andrade, presidente Nacional do PDT, e outra carta de Anaclateto Julião, presidente da Juventude e e filho de Francisco Julião, criador das Ligas Camponesas em 64 embarquei para encontrar  direção da Juventude Sandinista com quem estávamos conversando a tempos e eles pediam um assessoria política pessoal com experiencia partidária democrática. Peguei um avião que depois de diversas escalas faz um transbordo no Panamá para uma companhia nicagarguense com um avionete que mal cabiam trinta pessoas. Na mala eu , que ia vestido de um terno, levava minhas roupas e uma farda camuflafa imaginando dar-lhe uso na Nicarágua.
Bom, logo ao chegar descobri que ninguém em absoluto usava terno e gravata na Nicarágua, nem as autoridades que me aguardavam e para minha surpresas quando a Força Sandinista abre minha mala e se depara com a farda camuflada fui cercado por mais de vinte guerrilheiros armados de AK-47 que me acercavam apontando suas armas. Meu 'portunhol' não servia nem para pedir água e com o nervosismo então...fui salvo pelo gongo, ou pelos gongos, as cartas de Doutel e Anacleto, mudaram todo o tratamento e começamos a nos entender melhor. Paguei os 28 pesos nicaraguenses obrigatórios e oficialmente eu estava dentro da Nicarágua.